Vendas, marketing e a analogia do gol

Provavelmente, este não seja o melhor momento para falar de futebol com um brasileiro. Estamos no meio da ressaca da Copa América, e o futuro não parece trazer mudanças significativas para os compromissos futebolísticos do Brasil no horizonte próximo.
Mas me permita por um instante, querido leitor, usar a analogia do futebol – e do seu ativo mais valioso: o gol – para explicar a diferença essencial entre dois conceitos comumente confundidos no âmbito dos negócios: Marketing e Vendas.


O futebol é muito mais do que um esporte, não é? O futebol é até uma forma singular de entender a vida. O futebol reúne famílias e amigos, seja na frente da TV ou no estádio. O futebol, sua cerveja preferida, o churrasco, a camiseta da seleção ou do nosso time. As propagandas, os cânticos da torcida na arquibancada, os comentaristas, os jogadores, o técnico e o juiz que apita o início do jogo. A tensão à flor da pele, o tempo que corre, mas não passa. O calor, o suor, os abraços e as lágrimas. E o gol. Gol nosso ou gol deles. Mas foi gol! O que seria do futebol sem o gol? O futebol é muito mais do que apenas o gol, mas não haveria futebol sem ele. É o ativo necessário, a finalidade última. É o peixe vendido, o negócio fechado. O gol é a razão de ser do futebol.


E se fazer um gol é como fechar uma venda, será que o futebol é o marketing nessa analogia? Porque o marketing começa com saber quem somos, aquilo em que acreditamos, os sonhos do mundo que desejamos representados em todas as atividades do nosso negócio. O marketing é elaborado internamente entre os sócios e os colaboradores, e se apresenta ao público na forma de propaganda, publicidade, e no dia a dia das operações. Ele se expressa nas cores, nas imagens, nas letras e nas mensagens. Mas nada disso faria sentido se o marketing não girasse em torno da venda, como objetivo último. Porque sem a venda, o negócio não ocorre. E nada é mais necessário para uma empresa do que vender.


Da mesma forma que o futebol não faria sentido sem o gol, o marketing que não orbita ao redor da venda está fora de órbita. No entanto, essa afirmação precisa ser ponderada, levando em consideração aspectos como a dimensão ou a maturidade de cada empresa. Existem, sim, enormes campanhas de marketing que têm por finalidade, por exemplo, obter um determinado posicionamento no imaginário coletivo, ou até limpar a própria imagem após alguma circunstância desfavorável. Mas esses objetivos estão direta ou indiretamente ligados à necessidade de vender, agora ou no futuro. Em outras palavras, dependerá da menor ou maior urgência em garantir a sobrevivência do negócio que os investimentos em marketing estarão mais ou menos orientados para a venda.


Em resumo, a analogia do gol é uma forma simples de discernir as fronteiras entre o marketing e as vendas. Mas talvez o mais importante seja entender a necessidade de alinhar as ações de marketing – e principalmente os custos de suas campanhas – com os objetivos estratégicos da empresa, visando garantir a sobrevivência dos negócios a curto e longo prazo.

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